Em sua investida para arregimentar uma base sólida no Congresso, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o comando da cobiçada Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) nas mãos do Centrão.
A indicação à presidência da estatal, que tem orçamento bilionário, caberá ao líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), aliado próximo do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Além disso, o Planalto entregará o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para o Avante, sigla também sob a influência do parlamentar do PP.
A decisão sela um arranjo político que vem sendo costurado desde que Lula venceu as eleições, em outubro. Ciente de que precisaria da influência de Lira na Câmara para aprovar seus projetos, o petista mudou o tom das declarações sobre o deputado, a quem chegou a chamar de “imperador” na campanha, e ofereceu em troca amplo apoio de seu partido à recondução do líder do Centrão à presidência da Casa.
Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira Sergio LIMA / AFP
O parlamentar, por sua vez, até então aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, acenou de volta a Lula. Agora, ao deixar a Codevasf sob o controle de um indicado de Elmar, o titular do Planalto busca atender também a Lira. Como presidente da Câmara, ele tem o poder sobre a pauta de votações e, com isso, pode criar obstáculos à governabilidade.
O nome do presidente da Codevasf, porém, será apresentado por Elmar Nascimento, personagem que o governo tinha deixado pelo caminho. Ele estava entre os favoritos para ser ministro da Integração Nacional, mas a ascensão foi barrada por petistas da Bahia, seus adversários no estado. Depois disso, passou a atuar nos bastidores para seguir dando as cartas na Codevasf, como ocorria no governo de Jair Bolsonaro.
A estatal é presidida desde 2019 pelo engenheiro Marcelo Andrade Moreira Pinto, apadrinhado de Elmar. Segundo integrantes do governo, caberá ao líder do União decidir se manterá o atual presidente ou apresentará outro indicado. A atual gestão acumula uma série de denúncias de irregularidades.
G1