Tales Faria Colunista do UOL
Candidato a presidente da Câmara, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), acredita que já está no segundo turno da disputa pela presidência da Câmara.
Para ele, diferentemente do que pensam boa parte dos analistas políticos, essa garantia foi obtida ontem, ao votar no Plenário da Câmara contra a prisão do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ).Os defensores da liberdade de Brazão, como Elmar, saíram derrotados da votação. Mas, para o líder do União Brasil, sua posição lhe valerá o apoio unânime de uma bancada decisiva, o PL.
O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, é o maior da Câmara. Trabalhou massivamente contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão de Brazão.
O PL tem 95 deputados. Mesmo com todo o esforço do governo, apenas sete votaram pela manutenção da prisão.
Elmar acredita que inclusive esses sete votarão nele para presidente da Câmara, pelo fato de ter demonstrado coragem para defender um parlamentar, mesmo em situação adversa. O mesmo raciocínio ele aplica em relação ao seu partido, ao Novo e ao PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).
O fato de ter-se mostrado capaz de enfrentar o STF e o governo, somado ao apoio das cúpulas do PP, do Novo e do União – incluindo o presidente da Câmara, Arthur Lira – lhe garantirão praticamente a unanimidade dos votos dos três partidos.
São as legendas que deram mais votos contra o STF e onde o espírito de corpo da Casa se mostrou mais forte.
Nessa primeira contagem, Elmar, então, partiria de 206 votos potenciais: 95, do PL; mais 58, do União; 50, do PP; e três, do Novo.
A maioria dos 513 deputados é obtida com 257 votos. Os 206 do PL com União, PP e Novo podem não ser maioria, mas garantiriam a passagem para um eventual segundo turno da disputa pelo comando da Câmara, até com favoritismo.
Elmar, no entanto, tem dito que aposta na vitória ainda no primeiro turno. Diz contar com apoio de outros partidos que estão na área de influência de Arthur Lira e do centrão, como PSDB, Cidadania, Solidariedade, Avante, PRD e até o PSB e o PDT.
Enfim, as contas de líder do União Brasil e seus aliados podem não ser precisas. Mas tudo indica que ele continua como um forte candidato à sucessão de Lira.
O que pode lhe trazer dificuldades é um acordo político que teria sido acertado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Arthur Lira.
Os dois teriam combinado de não se enfrentarem na eleição do novo presidente da Câmara. Ou seja, nem Lula, nem Lira apoiarão um candidato vetado pelo outro.